Não existe um consenso internacional entre os profissionais da saúde sobre o uso da chupeta, por isso, vamos apresentar aqui os benefícios e malefícios desse artefato, e assim cada mamãe poderá decidir juntamente com o seu pediatra o que é melhor para o seu filho, ok?
Sabemos que o aleitamento materno é muito importante para o desenvolvimento dos recém nascidos, e alguns estudos mostram que o desmame precoce entre um e 24 meses é mais frequente em crianças usuárias de chupeta, quando comparadas com crianças que não possuem esse hábito. Esse fato é explicado por algumas hipóteses: primeiramente, acontece o que chamamos de “confusão de bico”, pois a anatomia da mama diferencia-se muito da consistência e formato das chupetas e então o RN desenvolve certa dificuldade para realizar a pega e ordenha materna. Dessa forma, a frequência de mamadas diminui e passa ser necessário suplementação com fórmula.
Outra hipótese é de que a própria mãe, ao sentir-se desconfortável, insegura ou desmotivada a amamentar, oferece a chupeta para seu filho, que se adapta aos bicos artificiais e à fórmula. Para cada uma dessas hipóteses é possível intervir no sentido de dar suporte às mães e suas famílias, em prol da manutenção da amamentação, informando sempre de maneira adequada.
Ademais, existem outros fatores estudados e amplamente discutidos entre os profissionais da saúde, que devem ser levados em consideração na hora de decidir por usar a chupeta ou não:
Negativos:
- Pode prejudicar a correta maturação e execução das funções orais de sucção, respiração, mastigação, deglutição e fala, e pode causar deformações esqueléticas na boca e na face.
- A persistência do hábito após os 3 anos da criança aumenta significativamente a probabilidade de o indivíduo apresentar alterações dentárias anatômico-funcionais indesejáveis.
- Na sucção da chupeta, não existe o constante estímulo do músculo responsável pela abertura da tuba auditiva e que tem um importante papel na prevenção das infecções de ouvido.
- As chupetas são consideradas potenciais reservatórios de infecção, podendo afetar o sistema imunológico da criança.
- Existe a possibilidade de asfixia causada por partes e acessórios que se desprendem das chupetas, e possibilidade de laceração da mucosa oral ou da base do nariz quando a criança cai com a chupeta na boca.
- A criança que utiliza chupeta provavelmente solicita menos atenção dos pais/cuidadores e, como consequência, é menos estimulada.
- Hábitos orais não-nutritivos podem ser substituídos ao longo da vida por comportamentos deletérios, tais como fumar, comer excessivamente ou outros transtornos compulsivos.
Positivos:
- A estimulação não nutritiva, seja por meio da chupeta ou por meio da técnica do dedo enluvado, parece oferecer benefícios para a maturação da sucção do bebê prematuro.
- Estudiosos concluíram que o uso de chupeta diminui significativamente o risco da Síndrome da Morte Súbita do Lactente, especialmente quando oferecida na hora de dormir. Porém limitam sua recomendação para as crianças com até 1 ano de idade e reforçam que a chupeta deve ser introduzida após o estabelecimento do aleitamento materno.
- O uso tem sido recomendado no gerenciamento da dor ou do desconforto em recém-nascidos e lactentes que tiveram complicações no período pós-parto e em procedimentos invasivos e dolorosos.
- A chupeta traz efeito tranquilizante sobre o comportamento agitado do bebê, especialmente em crianças irritadas e com cólicas, tranquilizando e diminuindo os episódios de choro da criança.
Conversar com um profissional é a melhor forma para que vocês, pais, se sintam confortáveis e informados adequadamente para fazer suas próprias opções.
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria