O sono é um fator de grande importância no desenvolvimento e crescimento infantil, podendo ser observado em fetos ao redor de 26 semanas. No decorrer da infância, o sono sofre alterações em sua característica, sendo que quando recém-nascido os despertares são mais associados à fome e ao desconforto, e já no primeiro ano de vida, o sono passa a seguir um ritmo circadiano, relacionado a diferenciação entre dia e noite.

A necessidade de sono também se altera de acordo com a idade, variando de 14-17 horas nos recém-nascidos, 11-14 nos primeiros dois anos de vida e reduzindo para 10-13, 9-11 e 8-10 para pré-escolares, escolares e adolescentes, respectivamente. O número de despertares também diminuem, passando de 2 a 3 vezes em lactentes de 1 mês para menos de 2 vezes em lactentes de 12 meses. Porém pequenos despertares que acompanham o ciclo do sono podem acontecer, sem necessidade de intervenção.

A insônia é o distúrbio mais prevalente na faixa etária pediátrica. Ela consiste na resistência e/ou dificuldade de início ou manutenção do sono ou despertar mais cedo que o desejado. Para o diagnóstico é necessário que se tenha queixas de prejuízos diurnos, como fadiga, sonolência, alteração no desenvolvimento escolar e intelectual, no humor ou no comportamento.

As causas de insônia podem se diferenciar de acordo com a idade:

Até 2 anos:

  • Associações inadequadas para o início do sono
  • Alterações gastrointestinais (refluxo gastroesofágico, alergia alimentar, cólica do lactente)
  • Ingestão excessiva de líquidos
  • Doenças infecciosas agudas
  • Doenças crônicas

 2-3 anos:

  • Associações inadequadas para o início do sono
  • Medo ou ansiedade de separação dos pais
  • Sestas de duração ou horário inapropriados
  • Doenças infecciosas agudas
  • Doenças crônicas

 Pré escolar e escolar:

  • Falta de estabelecimento de limites
  • Medo ou pesadelos
  • Doenças infecciosas agudas
  • Doenças crônicas

Adolescentes:

  • Atraso de fase
  • Problemas de higiene do sono
  • Comorbidades psiquiátricas
  • Pressão familiar e/ou escolar
  • Distúrbios respiratórios do sono
  • Distúrbios do movimento
  • Doenças infecciosas agudas
  • Doenças crônicas

Cada caso deve ser avaliado individualmente pelo pediatra para estabelecimento de diagnóstico e tratamento corretos, porém algumas atitudes podem ser tomadas para melhorar a rotina de sono das crianças

 

Colocar o bebê/a criança no berço/cama ainda acordado

Encorajar a pratica de adormecer sozinho sem intervenção dos pais/cuidadores

Evitar fazer a criança dormir, no colo, no carrinho ou em outro local que não seja em seu quarto/sua cama

Usar um objeto de transição para o adormecer

Evitar usar a mamadeira para adormecer a criança

Ter horários regulares para atividades diurnas e noturnas

Estabelecer rotinas de preparo do sono consistentes que excluam atividades com potencial de excitar a criança

Diferenciar atividades diurnas das noturnas

Estabelecer horário de dormir e acordar que seja adequado à idade e às características pessoais da criança e as suas atividades diurnas, assim como à rotina noturna da família

Ensinar técnicas de relaxamento que a criança possa seguir sozinha

Reforço positivo com premiação quando atingir objetivos de não acordar durante a noite

Não valorizar comportamentos inadequados ou barganhas de horários na hora de dormir

 

Lembrando que educação dos pais para o que é uma adequada higiene do sono é o início do tratamento. Dessa forma algumas mudanças na rotina também serão necessárias para melhorar a qualidade do sono das crianças, como evitar consumo excessivo de alimentos energéticos durante o dia e praticar atividade física regularmente. Telas não são recomendadas pelo menos há 1 hora do horário estabelecido para dormir e o ambiente do quarto deve ser relaxante, trazer aconchego e não associado a lugar de punições ou castigos. Aproveite nossas dicas e não deixe de procurar um pediatra para uma melhor avaliação!

 

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria